Para meu amigo

Quando nos conhecemos não tínhamos nem idade pra dizer "oi".

O tempo passou e você se tornou um adolescente chato e tirador de sarro, eu a garota chatinha, muitas vezes alvo das gozações.

Mas a adolescência também provou seu valor, e como os opostos se atraem, nós também fomos atraídos, não pelo desejo ou amor mas pela amiga em comum, que ambos amávamos mas de formas bem diferente.

Aquilo nos uniu e nem percebemos o quanto. A garota se foi, como muitas outras e nós permanecemos, cada vez mais unidos, cada vez mais amigos. Chegou a minha vez de confiar e lá estava você dizendo-me o que achava dos inúmeros corações que eu cismava em amar...

Nossas saídas, conversas e alegria despertou olhares alheios, de todos os tipos, torcidas que queriam ver o resultado desse jogo: uma dos que torciam por nós, achando que um dia perceberíamos que nascemos um para o outro, outra já achando que nossa amizade era fachada pois já estávamos juntos ( e juravam isso! Alguns até viram nosso beijo-fantasma) outra torcida (essa cruel) queria nossa separação a qualquer custo, achavam que não tínhamos nada a ver, que eu era um patinho feio me achando ao seu lado e você um garoto mal se aproveitando da minha inocência; e uma outra parte, sim tinha mais uma, esta povoada de meninas, queria meu fim e você livre para elas, todinho delas...

O que esse povo todo nunca entendeu é que tivemos um pouco de tudo e bem misturado. Sim, nós nascemos um para o outro, mas de uma forma bem diferente, um amor-sem-malícia, um amor que cresceu e nos fez depender um do outro, de conversar, se abrir, questionar a vida, compartilhar sonhos e lágrimas. Você nunca esteve preso ( ah se elas soubessem isso) e apesar dos comentários me deixarem louca eu aprendi a lidar com os ciúmes, e com o meu também, pois quem diz que amiga não tem ciúmes???

Juntos passamos por inícios e términos de namoro ( lembro de você me contar sobre um que terminou num ponto de ônibus); fomos vela ( você esperando eu me despedir do mais novo namorado, cena que você faz questão de comentar até hoje: Ah se a parede da UMC falasse... kkk); problemas familiares ( você me contando piadas enquanto minha casa estava de pernas pro ar só pra me fazer rir um pouco); viagens missionárias, saídas de ministério, dúvidas sobre ele ser guei ou não ( rsrsrsr) enfim..... Tudo com muita, muita risada, muita alegria, tudo muito intenso.

Hoje, perto dos 30, nossas vidas tomaram rumos bem diferentes, e parece que bem mais distantes... Falar nisso me dói, apesar de saber que é o seu melhor, seu momento e eu jamais te diria não, a não ser que visse perigo nisso. Mas não vejo, o que eu sinto é que é momento de se libertar, de crescer mais um pouco, de aprender coisas novas, estabelecer novos vínculos e buscar aquilo que Deus quer para você.

Eu sei que amizade ficará, sei que um dia receberei aquele telefonema ( igual ao filme : o casamento do meu melhor amigo, onde Julia Roberts cai da cama ao ouvir que seu melhor amigo vai se casar) onde você me contará o quanto sua vida mudou, o quanto você está feliz. Sei que terei que viajar ( ou não) para te ver, sei que ouvirei mil histórias e junto vamos rir como nos velhos tempos.

Dói pensar na distância, na falta, mas alimenta minha alma a certeza de que seu tempo chegou e que as asas que hoje te levam pra longe também te levarão mais alto, a lugares nunca antes alcançados e não há nada que um amigo verdadeiro mais queira do que ver o outro bem e feliz.

O que conquistamos, bom isso não se abalará.

Você sempre, sempre saberá onde me encontrar e eu sempre, sempre saberei que tenho um amigo, o melhor amigo.

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