_ O que eu faço Julia? E agora??Julia não conseguia pensar direito. Essa sua amiga lhe fazia cada pergunta, se enfiava em cada enrascada que nem mesmo Julia com todos os seus traumas e desilusões era capaz de imaginar.
_Não sei, mas enquanto não sabemos, você fica aí quietinha...
Na verdade Julia sabia exatamente como sua amiga poderia resolver aquela situação. Isso porque ela passava pelo mesmo e fazia muito, muito tempo.
A diferença é que ninguém, ninguém a não ser seu travesseiro sabia disso. E ela queria que continuasse assim.
Julia não sabe como mas, depois de muito tempo de paz e sossego em seu coração o abençoado do cupido aprontou novamente. E, detalhe, ele deveria estar com mal de parkinon, não é possível, porque o que aconteceu, Julia jamais teria conseguido planejar.
Ele nunca, nunca foi alvo dos olhares ou atenções dela. Nunca - que isso fique bem claro- até porque quando crianças ele não fazia o tipo dela e quando se reencontraram já adultos ele estava comprometido.
Acontece que sabe-se lá porque o relacionamento dele não deu certo. E ele voltou a desfilar no parque dos solteiros. Nem assim ele e Julia se interessaram um pelo outro, pelo contrário...
Ele logo arrumou uma namorada, e isso queimou mais ainda seu filme com Julia que passava por ele bem longe.
No entanto, ele não deixou nunca de usar seu charme de pistoleiro e sempre que a encontrava soltava "aquele" olhar.
Num dia de distração Julia devolveu o olhar.
Num outro dia já havia sorrisos e quando menos esperava, lá estava ela, sim, ela: Julia, pensando nele.
Mas como isso foi acontecer? Ela perguntava-se a si mesma.
Mas não adiantava. Quanto mais pensava como se deixou ser levada, mais gostava de deixar os pensamentos levá-la...
_Julia!! Você está me ouvindo??
Por um momento Julia quis dizer a ela que aquilo era loucura e que sua amiga deveria sair daquela situação imediatamente. Mas como dizer isso à ela se a própria Julia não tinha forças pra fazê-lo?
_ Fique aí. Quieta. Deixe passar. Deixe esse sentimento passar. Ele vai passar!
(Era o que ela vivia dizendo a si mesma todas as noites, todas as noites.)
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