
Era isso que ele me dizia sem saber que dizia. Mas dizia. Com o andar de mãos nos bolsos, com o jeito acanhado de cumprimentar, o olhar encabulado de quem não quer chamar atenção para si. Mas chamava. Tudo em mim respondia aquele chamado involuntário que já dobrando a esquina, lá ainda meio longe, meio embaçado na vista, bradava silenciosamente: sonhe-me nas suas noites mais escuras. E eu sem pestanejar o sonhava nas minhas noites mais escuras, nas mais claras, mais frias, mais quentes...
O sonhava como uma esperança bonita de que essa velha companheira solidão se dissipasse como se desmancha um desenho na água. Eu o sonhava como aquele impossível que a gente insiste em querer apenas para sentir a fina tortura de não poder ter. Mas, engano, eu o tinha todas as noites nos meus sonhos mais febris. Eu o tinha como algo meu, feito exclusivamente para minha forma, só cabia nas minhas medidas. E me ardia como aqueles amores confusos de personagens apressados de novela das oito. Mas eu nunca reclamei da ardência, nem da ausência, nem dessa ilusão de continuar alimentando sonhos. Eu o tinha guardado onde nada podia desfazer o laço. Longe demais para um toque, perto demais para um toque.
O sonhava como uma esperança bonita de que essa velha companheira solidão se dissipasse como se desmancha um desenho na água. Eu o sonhava como aquele impossível que a gente insiste em querer apenas para sentir a fina tortura de não poder ter. Mas, engano, eu o tinha todas as noites nos meus sonhos mais febris. Eu o tinha como algo meu, feito exclusivamente para minha forma, só cabia nas minhas medidas. E me ardia como aqueles amores confusos de personagens apressados de novela das oito. Mas eu nunca reclamei da ardência, nem da ausência, nem dessa ilusão de continuar alimentando sonhos. Eu o tinha guardado onde nada podia desfazer o laço. Longe demais para um toque, perto demais para um toque.
Tirado de 187 Tons de Frio
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